Certo dia um amigo com alguns bons anos de experiência e trabalhando na função de pleno, achou que era a hora de mudar de cargo para sênior. Chegando no seu gerênte, recebeu a seguinte resposta: "fulano, não posso te passar pra sênior porque você não conhece o framework xyz e a lingaugem abc". Esse meu amigo chegou perto de mim bem cabisbaixo e me contou o que tinha acontecido. Simplesmente achei o fato ridículo. Talvez ele realmente não fosse o momento de se tornar sênior (i.e. em relação ao cargo), mas esse argumento realmente não cola.

Como já mencionei em outros posts nesse mesmo blog, nossa área de desenvolvimento de software/informática está cheia de termos/nomenclatura que se confundem facilmente (e.g. as discussões no GUJ sobre DTO). Mais uma vez, falarei sobre um deles: a classificação júnior, pleno, sênior.

Dando uma passeada pelos sites de emprego de informática, é fácil ver vagas para analista de sistemas / programador / desenvolvedor júnior, pleno e sênior, etc. Acontece que a maioria das pessoas (inclusive os gerêntes de TI) não sabem muito bem fazer essa distinção entre os níveis, causando uma grande confusão na cabeça de todo mundo, inclusive na hora de negociar o cascalho. Portanto, vamos começar pelo básico ...

Master Yoda

Não sou uma pessoa entendida de RH, muito menos sei a história sobre como começou essa nomenclatura de júnior, pleno e sênior. Mas como trabalho na área de TI faz 12 anos e já passei por um bocado de empresas, acho que posso dar meu pitaco sobre o assunto. As melhores definições que consegui na internet para sênior foram: ancião, velho, pessoa com mais experiência em alguma profissão. De cara tem alguma coisa estranha na resposta que o tal gerente deu pro meu amigo, mas não para por ai.

No início da minha carreira, nas empresas onde passei, geralmente o cara sênior era um cara com mais experiência, uma pessoa que viveu mais situações, uma pessoa mais madura (não necessáriamente velha ou idosa). Por muitas vezes, essa pessoa não conhecia uma ferramenta ou outra de trabalho que eu conhecia, mas isso de maneira alguma me colocava no mesmo nível daquele profissional, pois tomando conhecimento da existência daquela ferramenta e utilizando um pouco do seu tempo, a tal ferramenta estava absorvida por este.

E o que eu quero dizer com isso? Eu quero dizer que se você começou agora, mesmo que você saiba python, ruby, java, erlang, haskell, xpto, brainfuck, você é Júnior ainda. Lógico que é ótimo saber diversas ferramentas e eu recomendo a todos estudar para isso. O mesmo princípio se aplica ao profissional sênior. Fatalmente tem algumas coisas que lhe fogem ao conhecimento, porém a diferência é que esse naturalmente conhece muitas ferramentas  devido a sua experiência ao longo dos anos. Não foi simplesmente um livro que leu ou um tutorial da internet que fez, mas projetos reais que participou. Um sênior deve saber debater com seus superiores sem medo, com argumentações bem formuladas, sabendo exatamente a sua posição, mas sem muito se intimidar quando conversa com outro profissional acima na hierarquia. Deve chamar a responsabilidade para si em momentos críticos, deve ajudar e ensinar os demais simplesmente porque isso é de sua responsabilidade.

Saber ou não uma determinada linguagem ou ferramenta não faz necessáriamente de você nem júnior nem sênior, pois isso as vezes depende da sua trajetória de carreira. Eu por exemplo não sei nada de ABAP, pois nunca trabalhei com SAP ou algo que use essa linguagem. Talvez você esteja aprendendo Java nesse momento mas tem 10 anos de experiência com C/C++ e tem ótimas práticas de programação. Em fim, é bem relativo.

Pra finalizar, certa vez um amigo me disse que sênioridade é algo como um estado de espírito. Vou até um pouco além disso. Acredito que sêrionidade é um estado avançado de profissionalismo aliado a maturidade alcançada ao longo do tempo.

Disclaimer:

Para que não pareça que defendo regime de quartel, quero deixar bem claro que hoje em dia de nada adianta você ser maduro e experiente se você é um profissional encostado e desatualizado. E o talento, é claro, sempre fala mais alto.